domingo, 6 de janeiro de 2008

FALAR DE DEUS INCOMODA...

verdade?
ALDOUS HUXLEY

“A verdade é subjetiva”

Existem muitas espécies de Deuses, como existem muitas espécies de homens. Pois que os homens fazem os Deuses à própria imagem. Falar de religião de outra maneira que não em termos de psicologia humana é uma irrelevância.

Deus nasceu no deserto, pois no deserto não havia no que se pensar, senão em Deus.
Um único Deus reflexo da aridez, da falta de diversidade. Coube aos judeus zelar pela chama do monoteísmo e transmiti-lo à humanidade através dos primeiros cristãos. Mas nem sequer o mesmo homem cultua coerentemente um só Deus. E o Deus único, agora cristão, se fez em três.

A própria ortodoxia cristã assumiu um compromisso com o politeísmo. Seu Deus único era misteriosamente vários deuses. E estimulou o culto de uma deidade feminina subalterna. Inúmeros santos receberam tributo de veneração, usurpando o lugar outrora ocupado por lares e penates, e com suas relíquias proporcionaram uma fonte inesgotável de fetiches. Em quantidade o panteão católico podia rivalizar com qualquer dos panteões gentílicos que a história registra. Não porém em qualidade. Essa era inferior. Pois aos santos faltava variedade; eram todos monotonamente “bons”. Apesar de serem multidões só representavam um aspecto da vida humana - o espiritual. Os gregos e todos os sistemas confessadamente politeístas eram muito mais completos, muito mais realísticos. Seus panteões alinhavam representantes de todas as atividades vitais - representantes do corpo e do instinto, do espírito e das energias passionais, da razão e das tendências tanto egoísticas como altruísticas da natureza humana. Sem dúvida, os cristãos reconhecia a existência desses outros aspectos não espirituais do ser humano, mas davam a entender de que não passavam de personificação do Diabo e seus anjos.

O Império Romano unificou o mundo ocidental e o catolicismo tomou emprestado o Deus único dos judeus e a variedade e pensamento dos gregos. O cristianismo paradoxalmente propagou o monoteísmo e preservou o politeísmo.

Sob o ponto de vista político, um dos grandes méritos do cristianismo é que persuade os descontentes a procurar a causas de seus males, não no sistema social circundante, não nos crimes de seus governantes, mas na própria natureza pecaminosa e na ordem divina do universo.

Se o mundo se apresenta a mim tanto como uma unidade como uma diversidade, é porque eu próprio sou um e sou muitos.

Satânicos e Visionários

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