quarta-feira, 28 de abril de 2010

Quem se lembra da mulher Melancia?


Todo mundo estranhou quando viu aquele caminhão subindo a ladeira, ainda mais carregado de melancias. Para ser mais exato, 1500 frutas. Atrás do caminhão vinham oito viaturas do Bope, o que não era de se estranhar, pois eles sempre estavam por ali, a comunidade fora "apaziguada", o tráfico varrido. Desde 2000, a Tavares Bastos passou a ser uma espécie de campo de treinamento onde os soldados do Bope podem simular confrontos mais próximos da "realidade" das favelas. Desde então o funk sumiu!

Mas naquela manhã mais coisas estranhas aconteceriam. Um tempo depois escutava-se ao longe uma batida de funk, que aos poucos ia ganhando volume. Era ele, o temido caveirão que vinha subindo a ladeira. Mais parecia um trio elétrico. As pessoas curiosas saiam de suas casas e seguiam o veículo. Não é possível, o caveirão trouxe o funk de volta! Dos alto falantes do blindado o que se escutava era CRÉU...CRÉU...CRÉU...CRÉU!

O veículo estacionou em frente a Associação de Moradores, abriu as portas traseiras, e dele desceu a jovem Andressa. Vestidinho vermelho, curto. O funk continuava a rolar. A multidão eufórica gritava CRÉU...CRÉU...CRÉU...CRÉU! Rolaram também as melancias! Para ser mais exato, 1500 frutas rolando ladeira abaixo. Nem o Batalhão de Operações Especiais conseguiu deter as frutas. O chão estava todo coberto de vermelho, não dava mais para distinguir o que era sangue do que era caldo. A enxurrada descia o morro, as escadas transformaram-se em verdadeiras cascatas. Dos alto falantes do caveirão ainda se ouvia: CRÉU...CRÉU...CRÉU...CRÉU!

Nenhum comentário: