quarta-feira, 2 de abril de 2014

SOBRE FOTOGRAFIA: A Coleção Thereza Christina - Por Marcelo Valle

A fotografia assim que inventada chegou com grande rapidez ao Brasil, algo surpreendente, se considerarmos a nossa condição periférica no cenário mundial, nossa sociedade escravocrata e a considerável distância que nos separa da Europa (VASQUEZ, 2003). Uma matéria publicada no Jornal do Commercio, do Rio de janeiro, em 1839 dá destaque especial ao daguerriótipo, notável descoberta francesa e sua grande perfeição e realismo (MAGALHÃES & PEREGRINO, 2004) . Cinco meses após o anuncio oficial de sua descoberta, a daguerreotipia chega ao Rio de Janeiro a bordo do navio escola francês L’Orientale nas mãos do abade Louis Compte, amigo pessoal de Louis-Jacques Mande Daguerre, inventor do daguerriótipo. As primeiras fotos realizadas no Brasil foram feitas por Compte, uma série de três vistas: o Paço Imperial, o Chafariz do Mestre Valentim e o Mercado da Praia do Peixe. Não se sabe ao certo quando, mas o fato é que essas fotografias chegaram até o jovem imperador, que demonstrou interesse imediato pela invenção e se tornou um de seus maiores propagadores, adquirindo ele mesmo uma máquina. Dom Pedro II cria um acervo composto de aproximadamente 25 mil fotografias e que foi doado à Biblioteca Nacional recebendo o nome de Coleção D. Thereza Christina. Segundo a página digital da Biblioteca Nacional : nesse legado havia uma enorme quantidade de fotografias, avulsas e em álbuns; referentes ao Brasil e a países estrangeiros; registrando viagens oficiais do staff do Império do Brasil, fatos, paisagens, acontecimentos históricos; fotografias de muitas partes do Brasil; recebidas por doação durante as viagens que empreendeu ou ainda que adquiria dos fotógrafos itinerantes. Muito da constituição desse acervo fotográfico se deve ao espírito inquieto e indagativo do Imperador, que buscava constantemente se enriquecer e se atualizar, estando em dia com os acontecimentos e descobertas que então aconteciam na Europa. Essa coleção é um bom exemplo da apreensão de um grande número de temas, como foi lembrado por SONTAG (1981), e também se reflete na fotografia feita no Brasil a partir de um olhar eurocêntrico e positivista, destacam-se assim: fotografias de caráter científico, antropológico, astronômico, arqueológico, biológico, geológico; fotografias de personalidades europeias, pertencentes a outras casas imperiais, além de personalidades do mundo das artes e das letras; fotografias de acontecimentos históricos e/ou marcantes no desenvolvimento e progresso do país; fotografias de viagens do Imperador e suas comitivas a países orientais, bem como tipos e aspectos desses povos; fotografias de curiosidades, peças de museus e exposições, monumentos. E muitas e muitas imagens da família imperial. Referências: Biblioteca Nacional Digital, http://bndigital.bn.br/200anos/therezaChristina.html, acesso em 10 de março de 2013. Parte da coleção digitalizada pode ser vista em: http://bndigital.bn.br/projetos/terezacristina/index.htm MAGALHÃES, Angela, PEREGRINO, Nadja. Fotografia no Brasil: um olhar das origens ao contemporâneo. Rio de Janeiro: Funarte, 200. SONTAG, Susan. Ensaios sobre a Fotografia. Tradução de Joaquim Paiva. Rio de Janeiro, Arbor 1981. VASQUEZ, Pedro Karp. O Brasil na Fotografia Oitocentista. São Paulo:Metalivros, 2003.

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